Novelas fazem parte da vida de muita gente. Elas nos fazem lembrar de músicas e momentos especiais. Romances fora dos padrões, amores impossíveis, e muitas histórias de vida atraem os telespectadores para a poltrona da sala.
Mistura de ficção e realidade, as novelas também influenciam o comportamento da sociedade, até em questões como filhos e divórcio. Para se ter uma idéia, desde a década de 70, quando ocorreu a emancipação feminina, o número de nascidos vivos por mulher em idade reprodutiva foram significativamente mais baixos em áreas do Brasil alcançadas pelo sinal da rede Globo do que aquelas áreas sem o sinal. Em geral, a probabilidade de uma mulher ter um filho nas áreas cobertas caiu 0,6 ponto percentual a mais do que em áreas sem cobertura.
Os dados são de um estudo concluído recentemente pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Alberto Chong, um dos autores da pesquisa, afirma que as taxas de fertilidade no país caíram mais de 60% desde a década de 1970 e os divórcios aumentaram mais de cinco vezes desde a década de 1980. No mesmo período, a presença de aparelhos de televisão teve uma elevação de mais de dez vezes, hoje está presente em mais de 80% das residências brasileiras.
“A televisão desempenha um papel crucial na circulação de idéias, em particular em nações em desenvolvimento com uma forte tradição oral, como o Brasil”, ressalta o economista.
Claro que isso não aconteceu somente por causa das novelas. Nas décadas de 70 e 80, mais mulheres entraram no mercado de trabalho e muitas delas altos postos dentro das empresas. Os folhetins a incentivaram para deixar o sonho de ser mãe para mais tarde.
Para se ter uma idéia, a redução das taxas de fertilidade foi menor em anos imediatamente seguintes à exibição de novelas que incluíam casos de ascensão social, e para mulheres com idades mais próximas da idade da protagonista feminina da novela.
A pesquisa de Chong sobre fertilidade e televisão também revelou um impacto relacionado sobre a taxa de divórcios. Chong confirmou que o número de mulheres separadas ou divorciadas também é maior nas casas que tinham a Rede Globo. O aumento foi de 0,1 a 0,2 ponto percentual na porcentagem de mulheres de 15 a 49 anos. "É pequeno, mas estatisticamente significativo", diz Chong.
Os estudos analisaram o conteúdo de 115 novelas transmitidas pela Globo entre 1965 e 1999 nos dois horários de maior audiência: 19 e 20 horas. Chong afirma que de lá para cá as novelas ainda mantém a sua popularidade, mas não são consideradas inovadoras como antes.
“As mulheres já mudaram muito seu comportamento e qualquer possível impacto das novelas será menor hoje do que era antigamente, mas o que deve ser observado é que elas passam esses valores para aos seus filhos”.
Talvez elas não exerçam tanta influência assim nos dias de hoje, mas que ainda tem legiões de fãs, isso não há como negar. Que o diga os noveleiros de plantão. Quem cruzar com um desses e lançar um desafio sobre os detalhes mais insignificantes dificilmente vai se decepcionar.
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