sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ESCOLHAS

PRESIDENTE JAMES E. FAUST

Segundo Conselheiro na Primeira Presidência





As bênçãos e oportunidades futuras dependem das escolhas que fazemos hoje.



Meus queridos irmãos do santo sacerdócio de Deus do mundo inteiro, cumprimento cada um de vocês em espírito de amor e fraternidade.



Temos que fazer muitas escolhas nesta vida. Algumas são muito importantes. Outras, não. Muitas de nossas escolhas são entre o bem e o mal. As escolhas que fazemos, porém, determinam em grande parte a nossa felicidade ou infelicidade, porque teremos que viver com as conseqüências dessas escolhas. Não é possível fazermos escolhas perfeitas o tempo todo. Isso simplesmente não acontece. Mas é possível fazermos boas escolhas com as quais poderemos conviver e que nos farão crescer. Se os filhos de Deus viverem de modo a serem dignos da orientação divina, poderão tornar-se “livres para sempre, distinguindo o bem do mal; para agirem por si mesmos e não para receberem a ação”.1



Às vezes, fazemos más escolhas quando somos pressionados pelos colegas. Kieth Merrill passou por uma situação assim quando era rapaz. Ele e os amigos estavam mergulhando num lago de cima de um penhasco em East Canyon Reservoir, a nordeste de Salt Lake City. A atividade inevitavelmente se transformou numa competição entre adolescentes quando um rapaz subiu até a parte mais alta da represa e pulou de uma altura de 15 metros, mergulhando nas águas profundas do reservatório. Os outros rapazes também subiram até ali e deram o mesmo salto. Um rapaz não ficou satisfeito e disse: “Vou fazer melhor que isso!” Escalou, então, um penhasco de uns 16 metros. Sem querer ser deixado para trás, Kieth subiu atrás dele. Depois de ver o rapaz mergulhar e subir à tona aparentemente sem problemas, Kieth criou coragem e pulou também. A competição ficou então restrita àqueles dois rapazes. O amigo de Kieth subiu até uns 20 metros e pulou. Subiu à tona rindo e esfregando os ombros e os olhos. Daí lançou um desafio ao Kieth: “Então, vai pular?”



“É claro que vou.” E todos na margem disseram: “É claro que ele vai”.



Kieth, então, nadou de volta para a margem e escalou o penhasco. Ele sabia que se pulasse da mesma altura de 20 metros, seu amigo iria querer subir mais alto, por isso escalou até o topo do penhasco, que ficava a 25 metros de altura. Ninguém poderia subir além do topo. Quando Kieth olhou para baixo, ficou com medo ao ver a água tão distante. Tinha tomado uma decisão impulsiva. Não era o que ele queria fazer nem achava aquilo sensato. Em vez disso, baseou sua decisão na pressão e incentivo de meia dúzia de rapazes cujos nomes ele nem sequer recorda mais.



Kieth recuou e depois correu o mais rápido que pôde até a beira do penhasco. Chegou ao ponto que tinha escolhido cuidadosamente na beira do penhasco e lançou-se no vazio. Durante a queda, lembrou que os pais o haviam ensinado a ser cuidadoso ao tomar decisões porque uma decisão errada poderia matá-lo. Pensou, então: “Foi isso que você fez, porque quando atingir a água você estará se movendo a tamanha velocidade que ela parecerá ser feita de concreto”. Quando ele atingiu a água, ela parecia concreto. Kieth sentiu-se extremamente grato quando finalmente subiu à tona e ergueu a cabeça para fora da água.



Por que ele tinha pulado? O que estava tentando provar? Os rapazes que o desafiaram pouco se importavam com aquele ato insensato e provavelmente nem se lembram mais dele. Mas Kieth se deu conta, mais tarde, que havia tomado uma decisão que poderia muito bem ter sido fatal. Tinha cedido à pressão dos amigos que esperavam que fizesse o que ele não queria fazer. Kieth tinha mais bom senso que isso. Ele disse: “Eu estava vivendo no mundo, e naquele momento eu era do mundo porque não estava no controle de mim mesmo. Não estava tomando decisões para minha própria vida. O mundo tomou as decisões por mim (…) e eu quase perdi a vida naquele momento”.2



É preciso um certo tipo de coragem para recuar em vez de seguir adiante e permitir insensatamente que outra pessoa tome as decisões em nosso lugar. Podemos ser mais firmes em nossa determinação se tivermos uma clara idéia de nossa identidade como filhos de Deus e portadores do santo sacerdócio, tendo um potencial brilhante para um futuro muito significativo.



Infelizmente, algumas de nossas más escolhas são irreversíveis, porém muitas não são. Freqüentemente podemos mudar de rumo e voltar ao caminho certo. Voltar ao caminho certo pode envolver os princípios do arrependimento: Primeiro, reconhecer que estamos seguindo pelo caminho errado; segundo, abandonar a conduta errada; terceiro, nunca repeti-la novamente; e quarto, confessar3 e restituir se for possível. Aprender por experiência tem seu valor, mas a escola da vida é muito árdua. O progresso virá de modo mais rápido e fácil se aprendermos com nossos pais, que nos amam, e com nossos professores. Também podemos aprender com os erros dos outros, observando as conseqüências de suas escolhas erradas.



Algumas escolhas nos proporcionam boas oportunidades, não importando o caminho que escolhamos seguir, como, por exemplo, quando decidimos a carreira que iremos seguir ou a escola que iremos freqüentar. Conheço um rapaz brilhante e capaz que queria ser médico, mas não teve oportunidade para isso; portanto, decidiu ser advogado. Tornou-se um advogado muito bem-sucedido, mas tenho certeza de que teria sido igualmente bem-sucedido como médico.



Algumas de nossas escolhas importantes têm um momento certo. Se demorarmos para tomar a decisão, podemos perder a chance para sempre. Às vezes, nossas dúvidas nos impedem de tomar uma decisão que envolva mudanças. E assim, podemos perder a oportunidade. Como já foi dito: “Se você tiver que tomar uma decisão e não o fizer, essa será a decisão”.4



Algumas pessoas acham difícil tomar decisões. Um psiquiatra perguntou certa vez a um paciente: “Já teve dificuldade em decidir as coisas?” O paciente disse: “Bem, sim e não”. Minha esperança e oração é que possamos ser tão decididos quanto Josué ao declarar: “Escolhei hoje a quem sirvais; (…) porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor”.5



Algumas escolhas têm conseqüências maiores que outras. Nenhuma escolha voluntária que fazemos nesta vida é maior do que a escolha da pessoa com quem iremos nos casar. Essa decisão pode trazer-nos felicidade e alegria eternas. Para haver sublime felicidade conjugal, tanto o marido quanto a mulher precisam estar plenamente comprometidos com o casamento.



Algumas escolhas importantes para nossa realização e felicidade devem ser feitas apenas uma vez, e depois de termos feito a escolha, nunca mais teremos de fazê-la novamente. Por exemplo: precisamos decidir apenas uma vez, de modo firme e irredutível, que não fumaremos, não tomaremos bebidas alcoólicas nem usaremos drogas que afetem a mente.



Em 1976, o Élder Robert C. Oaks, que na época servia como coronel da Força Aérea dos Estados Unidos, estava participando de uma equipe de negociação envolvendo vários países. Tinham sido convidados para um jantar oferecido pelo Distrito Naval de Leningrado. Cerca de 50 oficiais importantes da União Soviética e dos Estados Unidos estavam presentes quando o anfitrião liderou o grupo num brinde antes do jantar. Todos se levantaram para o primeiro brinde e ergueram o copo, que na maioria dos casos estava cheio de vodca russa. O irmão Oaks tinha limonada rosada em seu copo, e o almirante que fazia o brinde imediatamente notou esse fato. Ele parou e exigiu que o irmão Oaks enchesse o copo de vodca, dizendo que não prosseguiria com o programa até que ele fizesse aquilo. O irmão Oaks educadamente recusou o convite, explicando que estava satisfeito com o que tinha em seu copo.



Uma grande tensão começou a ser sentida no ambiente, e até os integrantes de sua própria equipe, que na maioria eram seus superiores, começaram a ficar impacientes com o impasse. O acompanhante soviético do irmão Oaks sussurrou-lhe ao ouvido: “Encha seu copo de vodca!” O irmão Oaks fez a mais breve oração de sua vida: “Deus, ajuda-me!”



Segundos depois, o intérprete soviético, um capitão do exército com quem ele tinha conversado anteriormente sobre religião, sussurrou para o almirante anfitrião: “É por causa da religião dele”. O almirante fez que sim com a cabeça, a tensão imediatamente se desfez, e o programa teve seguimento.6



O Élder Oaks havia decidido muitos anos antes que jamais tomaria bebidas alcoólicas, por isso, no momento de provação, não teve que fazer a escolha novamente. O Élder Oaks estava seguro de que as conseqüências que sofreria por deixar de seguir um princípio de sua religião seriam mais graves do que as causadas pela ingestão da vodca. A propósito, sua carreira não ficou prejudicada por ele ter seguido seus princípios religiosos. Depois daquele incidente, chegou a se tornar um general de quatro estrelas.



O estranho é que fazer a coisa errada freqüentemente parece razoável, provavelmente por aparentar ser a solução mais fácil. Freqüentemente ouvimos como justificativa para uma conduta errada: “Ora, todo mundo está fazendo isso”. Essa é uma distorção da verdade e seu autor é Satanás. Como Néfi nos disse: “Assim o diabo engana suas almas e os conduz cuidadosamente ao inferno”.7



Não importa quantas pessoas em nossa sociedade estejam envolvidas, ninguém está justificado em ser desonesto, em mentir, enganar, usar linguagem profana, em especial tomar o nome do Senhor em vão, envolver-se em relacionamentos sexuais imorais ou deixar de respeitar o Dia do Senhor.



As ações das outras pessoas não determinam o que é certo ou errado. Uma pessoa que tenha a coragem de fazer a escolha certa pode influenciar muitos outros a agirem também de modo sensato. Gostaria de endossar o que está escrito no livreto Para o Vigor da Juventude:



“Vocês são responsáveis pelas escolhas que fizerem. Não devem culpar as circunstâncias, a família ou os amigos, se decidirem desobedecer aos mandamentos de Deus. Vocês são filhos e filhas de Deus e, como tal, possuem um poder enorme. Vocês têm a capacidade de escolher a retidão e felicidade, não importando quais sejam suas circunstâncias”.8



Como fazemos escolhas corretas? Uma escolha envolve o ato de tomarmos uma decisão consciente. Para tomarmos uma decisão inteligente, precisamos avaliar todos os fatos disponíveis em ambos os lados da questão. Mas isso não é suficiente. Tomar decisões corretas envolve oração e inspiração. A seção 9 de Doutrina e Convênios nos dá a grande chave. O Senhor disse a Oliver Cowdery:



“Eis que não compreendeste; supuseste que eu o concederia a ti, quando nada fizeste a não ser pedir-me.



Mas eis que eu te digo que deves estudá-lo bem em tua mente; depois me deves perguntar se está certo e, se estiver certo, farei arder dentro de ti o teu peito; portanto sentirás que está certo.



Mas se não estiver certo, não terás tais sentimentos; terás, porém, um estupor de pensamento que te fará esquecer o que estiver errado (…)”.9



Ao olharmos para o futuro, vemos que teremos de ser mais fortes e mais responsáveis por nossas escolhas num mundo em que as pessoas “ao mal chamam bem e, ao bem, mal”.10 Não escolhemos com sabedoria se usamos nosso arbítrio em oposição à vontade de Deus ou ao conselho do sacerdócio. As bênçãos e oportunidades futuras dependem das escolhas que fazemos hoje.



Irmãos, minha crença e testemunho é de que coletivamente temos a responsabilidade de dar um exemplo de retidão ao mundo inteiro. Sob a grande liderança do Presidente Gordon B. Hinckley precisamos apontar o caminho por meio das escolhas inspiradas que fazemos. Vocês possuem o poder de escolha. Que todos nós possamos usar sabiamente o arbítrio que recebemos de Deus ao fazermos essas escolhas eternas. Em nome de Jesus Cristo. Amém.



NOTAS:

1. 2 Néfi 2:26.



2. Adaptado de “Deciding about Decisions”, New Era, junho de 1976, pp. 12–13.



3. Ver D&C 58:43.



4. William James, citado em 20,000 Quips and Quotes, (1968), p. 132.



5. Josué 24:15.



6. Adaptado de Believe! Helping Youth Trust in the Lord (2003), pp. 27–28.



7. 2 Néfi 28:21.



8. Para o Vigor da Juventude (2001), p. 5.



9. D&C 9:7–9.



10. 2 Néfi 15:20.




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