A oração é um dom celestial concedido a cada alma por nosso Pai Celeste.
Esta conferência começou com a apresentação profundamente tocante do clássico hino “Ó Doce, Grata Oração”, feita pelo magnífico Coro do Tabernáculo Mórmon. A letra familiar nos lembra que a oração é a fonte de consolo, alívio e proteção, concedida de boa vontade por nosso amoroso e compassivo Pai Celestial.
O Dom da Oração
A oração é um dom celestial concedido a cada alma por nosso Pai Celeste. Pense nisto: o absoluto Ser Supremo, o personagem que tudo sabe, tudo vê, que tudo pode, incentiva você e a mim, por mais insignificantes que sejamos, a conversar com Ele como nosso Pai. De fato, por saber quão desesperadamente precisamos de Sua orientação, Ele ordena: “Que ores em voz alta, assim como em teu coração; sim, perante o mundo, como também em segredo; em público, assim como em particular”.1
Não importa nossa situação, quer sejamos humildes ou arrogantes, pobres ou ricos, livres ou escravizados, instruídos ou ignorantes, amados ou desamparados, podemos nos dirigir a Ele. Não precisamos de hora marcada. Nossa súplica pode ser breve ou pode ocupar todo o tempo que for necessário. Pode ser uma longa expressão de nosso amor e gratidão, ou um pedido urgente de ajuda. Ele criou universos inumeráveis e colocou mundos neles, mas ainda assim, você e eu podemos conversar com Ele pessoalmente, e Ele sempre nos dará uma resposta.
Como Você Deve Orar?
Oramos ao nosso Pai Celestial no sagrado nome de Seu Filho Amado, Jesus Cristo. A oração é mais eficaz quando nos esforçamos para ser dignos e obedientes, quando temos motivos justos e estamos dispostos a fazer o que Ele pedir. A oração humilde e fervorosa traz orientação e paz.
Não se preocupe se você expressa seus sentimentos de forma desajeitada. Apenas converse com seu Pai, que é piedoso e compassivo. Você é Seu filho precioso, a quem Ele ama perfeitamente e a quem quer ajudar. Ao orar, reconheça que o Pai Celestial está perto e está escutando.
Uma chave para melhorar a oração é aprender a fazer as perguntas corretas. Em vez de pedir as coisas que você deseja, procure honestamente saber o que Ele quer para você. Então, ao conhecer a vontade Dele, ore para ser guiado e ter forças para cumpri-la.
Se alguma vez você se sentir longe de nosso Pai, muitas podem ser as razões. Seja qual for a causa, se você continuar a pedir ajuda, Ele o orientará para que recupere sua confiança de que Ele está ao seu lado. Ore, mesmo quando você não tiver o desejo de orar. Algumas vezes, como uma criança, você se comporta mal e acha que não pode trazer um problema ao Pai. Mas esse é o momento em que você mais precisa orar. Nunca se sinta indigno de orar.
Será que podemos realmente compreender o imenso poder da oração sem termos de enfrentar um problema esmagador e urgente, para percebermos que somos impotentes para resolvê-lo sozinhos? Nessas circunstâncias nos voltaremos para nosso Pai, em humilde reconhecimento de nossa total dependência Dele. É conveniente encontrar um local isolado, onde nossos sentimentos possam ser expressos durante o tempo e com a intensidade que se fizerem necessários.
Eu já fiz isso. Certa vez passei por uma experiência que me causou uma enorme ansiedade. Não tinha nada a ver com desobediência nem transgressão, mas com um relacionamento humano de vital importância. Durante algum tempo, extravasei meu coração em fervorosa oração. Mas, por mais que tentasse, não conseguia encontrar nenhuma solução — nada acalmava a opressiva emoção que havia em mim. Roguei ajuda àquele Pai Eterno que passara a conhecer e em quem confiava plenamente. Não conseguia encontrar nenhum caminho que me trouxesse a calma que geralmente tenho a bênção de desfrutar. O sono me venceu. Quando acordei, senti-me em completa paz. Ajoelhei-me novamente em solene oração e perguntei: “Senhor, como isso aconteceu?” Em meu coração, soube que a resposta era Seu amor e Sua preocupação por mim. Tal é o poder da oração sincera a um Pai compassivo.
Aprendi muito a respeito da oração ouvindo o Presidente Hinckley oferecer súplicas em nossas reuniões. Você pode aprender muito, se estudar cuidadosamente a oração que ele fez em público, ao final da conferência de outubro de 2001, pelos filhos do Pai que se encontram no mundo inteiro. Ele ora com o coração, e não como se lesse um texto preparado. (Para sua comodidade, o texto dessa oração encontra-se no final desta mensagem).2
Estude aquela oração e descobrirá que não existem repetições vãs, nem atitude alguma para impressionar outras pessoas, como às vezes ocorre. Ele combina palavras simples, com eloqüência. Ora como um filho humilde e fiel que conhece bem seu amado Pai Celeste. Ele tem certeza de que Sua resposta virá, quando for mais necessária. Cada oração é talhada para um propósito, como uma declaração clara do que precisa de solução, ou uma ampla expressão de gratidão em reconhecimento de bênçãos específicas. Suas orações espontâneas são como pedras preciosas lapidadas, testemunhas silenciosas do lugar primordial que a oração ocupa na vida dele há muitos e muitos anos.
Como as Orações São Respondidas?
Algumas verdades, que mostram como as orações são respondidas, podem ajudá-lo.
Com freqüência, quando oramos pedindo ajuda para um assunto significativo, o Pai Celestial envia inspirações sutis que nos fazem pensar, exercer a fé, trabalhar e, às vezes, vencer dificuldades, e depois agir. É um processo passo a passo, que nos capacita a descobrir respostas inspiradas.
Já percebi que aquilo que às vezes parece uma barreira impenetrável à comunicação é um passo gigantesco de confiança que precisamos dar. Poucas vezes você receberá a resposta completa de uma só vez. Ela virá um pouco por vez, em partes, para que sua aptidão cresça. À medida que cada parte é seguida com fé, você será guiado a outras partes, até obter a resposta inteira. Esse padrão exige o exercício da fé na capacidade de resposta de nosso Pai. Embora às vezes possa ser muito difícil, esse processo resulta em um crescimento pessoal significativo.
Ele sempre ouvirá suas orações e invariavelmente vai respondê-las. Contudo, Suas respostas raramente virão enquanto você estiver de joelhos orando, mesmo implorando uma resposta imediata. Em vez disso, Ele vai inspirá-lo nos momentos tranqüilos, quando o Espírito puder tocar sua mente e seu coração com maior eficácia. Por isso, você deve procurar momentos de tranqüilidade nos quais poderá perceber que está sendo instruído e fortalecido. Esse padrão, dado pelo Senhor, fará com que você cresça.
O Presidente David O. McKay testificou: “É verdade que as respostas a nossas orações nem sempre vêm diretamente, nem no momento, nem da maneira como prevemos; mas elas vêm no momento e da maneira que melhor sirva aos interesses daquele que faz a súplica”3. Seja grato quando, às vezes, Deus deixa que você se debata por um longo tempo, antes que a resposta chegue. Seu caráter se fortalecerá; sua fé aumentará. Existe uma relação entre os dois: quanto maior for a sua fé, mais forte será o seu caráter; e um caráter elevado aumentará sua capacidade de exercer ainda mais fé.
Ocasionalmente, o Senhor lhe dará uma resposta antes de você pedir. Isso pode ocorrer quando, por exemplo, você estiver na iminência de fazer algo que não deve, pensando erroneamente ser correto.
É tão difícil quando a oração sincera a respeito de alguma coisa que você deseja muito não é respondida da forma esperada! É difícil entender por que o seu exercício de fé profunda e sincera, em uma vida obediente, não garante o resultado desejado. O Salvador ensinou: “Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome vos será dado, se for para vosso bem”.4 No dia-a-dia, às vezes é difícil reconhecer o que é melhor para você, ou o que é para o seu bem. Sua vida será mais fácil, quando aceitar que tudo o que Deus faz é para o seu eterno bem.
É pedido que você busque uma resposta para suas orações.5 Obedeça ao conselho do Mestre, de “[estudar] bem [o problema] em [sua] mente”.6 Com freqüência, você pensará em uma solução; ao buscar a confirmação de que sua resposta está correta, a ajuda virá. Poderá vir por meio de suas orações, ou como uma inspiração do Espírito Santo e, muitas vezes, pela intervenção de outras pessoas.7
A seguinte orientação a respeito da oração, dada a Oliver Cowdery, pode também ajudá-lo: “Eis que (…) supuseste que eu o concederia a ti, quando nada fizeste a não ser pedir-me (…).
Deves estudá-lo bem em tua mente; depois (…) perguntar se está certo e, se estiver certo, farei arder dentro de ti o teu peito; portanto sentirás que está certo”.8
Portanto, a resposta chega sob a forma de um sentimento acompanhado de convicção. O Salvador define dois aspectos distintos na resposta: “Eu te falarei em tua mente e em teu coração, pelo Espírito Santo”.9
As respostas à mente e ao coração são mensagens do Espírito Santo ao nosso espírito. Para mim, a resposta à mente é tão específica quanto palavras ditadas, enquanto a resposta ao coração é generalizada, como um sentimento para orar mais.10
Então o Senhor esclarece: “Mas se [o que você propõe] não estiver certo (…) terás (…) um estupor de pensamento”11 Isso, para mim, significa um sentimento de inquietude, de incômodo.
Oliver Cowdery aprendeu ainda outra forma sob a qual as respostas positivas vêm: “Não dei paz a tua mente quanto ao assunto?”12 O sentimento de paz é o testemunho confirmador mais comum que eu pessoalmente sinto. Quando fico muito preocupado quanto a um assunto importante, debatendo-me sem sucesso para resolvê-lo, continuo a esforçar-me fervorosamente para encontrar uma solução. Por fim, uma paz envolvente toma conta de mim, aquietando minhas preocupações, como Ele prometeu.
Alguns mal-entendidos a respeito da oração podem ser esclarecidos ao percebermos que as escrituras definem princípios para uma oração eficaz, mas não garantem quando uma resposta será dada. De fato, o Senhor responderá sob uma das três formas: primeiro, você pode sentir paz, consolo e segurança, que confirmam que sua decisão está correta; segundo, você pode sentir-se incomodado, com um estupor de pensamento, indicando que sua escolha está errada; terceiro — e este é o mais difícil — você pode sentir que não recebeu nenhuma resposta.
O que você faz, depois de se preparar cuidadosamente, orar com fervor, esperar durante um período de tempo razoável por uma resposta e, ainda assim, não a receber? Talvez deva expressar gratidão quando isso ocorre, porque é uma prova da confiança do Pai em você. Quando você vive dignamente, quando suas escolhas são consistentes com os ensinamentos do Salvador, e uma ação se torna necessária, proceda com confiança. Conforme for a sua sensibilidade para receber a inspiração do Espírito, uma das duas coisas certamente ocorrerá, no momento certo: virá o estupor de pensamento, indicando uma escolha inadequada, ou virá paz, ou um ardor no coração, confirmando que a escolha foi correta. Se você estiver vivendo dignamente e agindo com confiança, Deus não deixará que você vá muito longe, sem uma impressão de advertência, se tiver tomado a decisão errada.
Gratidão pelo Dom da Oração
Um aspecto importante da oração é a gratidão. Jesus declarou: “E em nada ofende o homem a Deus (…) a não ser (…) os que não confessam sua mão em todas as coisas e não obedecem aos seus mandamentos”.13 Quando refletimos a respeito do incomparável dom da oração e das bênçãos ilimitadas que fluem dela, um profundo sentimento de gratidão enche-nos a mente e o coração, fazendo-os transbordar e render graças continuamente. Não deveríamos, portanto, expressar ao nosso amado Pai, contínua e profundamente, da melhor maneira que pudermos, nossa infinita gratidão pelo dom celestial da oração e por Suas respostas, que atendem às nossas necessidades e, ao mesmo tempo, nos motivam a crescer?
Testifico que nosso Pai sempre responderá às suas orações, da maneira e na hora que forem melhores para o seu eterno bem. Em nome de Jesus Cristo. Amém
Notas
1. D&C 19:28.
2. “Ó Deus, nosso Pai Eterno, Tu, ó grande Juiz das Nações, que és o governante do universo, Tu que és nosso Pai e nosso Deus, de quem somos filhos; voltamo-nos a Ti com fé nesta hora sombria e solene. Por favor, Pai querido, abençoa-nos com fé. Abençoa-nos com amor. Abençoa-nos com caridade em nosso coração. Abençoa-nos com um espírito de perseverança para extirpar os terríveis males que estão neste mundo. Dá proteção e orientação àqueles que estão ativamente empenhados na batalha. Abençoa-os, preserva sua vida; salva-os do perigo e do mal. Ouve as orações dos entes queridos que pedem pela segurança deles. Oramos pelas grandes democracias da Terra, as quais Tu tens supervisionado na criação de seus governos, onde a paz, a liberdade e os processos democráticos prevalecem.
Ó Pai, olha com misericórdia para esta, que é nossa própria nação e para seus amigos, neste momento de necessidade. Poupa-nos e ajuda-nos a caminhar sempre com fé em Ti e em Teu Filho Amado, com cuja misericórdia contamos e em quem confiamos como nosso Salvador e Senhor. Abençoa a causa da paz e traze-a rapidamente de volta para nós, rogamos humildemente a Ti, pedindo-Te que perdoes nossa arrogância, que não atentes para os nossos pecados, que sejas bondoso e indulgente conosco e faças com que nosso coração se volte para Ti com amor. Oramos humildemente em nome Daquele que ama a todos nós, sim, o Senhor Jesus Cristo, nosso Redentor e nosso Salvador. Amém“ (A Liahona, janeiro de 2002, p. 105).
3. Em Conference Report, abril de 1969. p 153.
4. D&C 88:64, grifo do autor. Ver também vv. 63 e 65.
5. Ver D&C 6:23, 36; D&C 8:2–3, 10; D&C 9:9.
6. D&C 9:8.
7. Ver Spencer W. Kimball, The Teachings of Spencer W. Kimball, ed. Edward L. Kimball (1982), p. 252.
8. D&C 9:7–8, grifo do autor.
9. D&C 8:2–3, grifo do autor.
10. Ver Enos 1:3–5, 9–10.
11. D&C 9:9.
12. D&C 6:23; grifo do autor.
13. D&C 59:21.
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